top of page
Foto do escritorCarlos E Costa Almeida

Diversity is life. Surgery without diversity is ...

Atualizado: 22 de jan. de 2020

Versão Portuguesa (English version at the bottom):


Edward “Eddie” Mukiibi, ugandês e vice-presidente internacional da Slow Food, prefere uma agricultura com retorno às hortas, onde se cultiva uma diversidade de espécies de vegetais em pequena escala. Este cultivo diversificado e lado a lado permite fazer frente a secas imprevistas, invasões de parasitas e outros agentes, pois se num ano uma espécie se dá mal, podemos compensar com outras. O que aconteceu para Eddie se converter novamente às hortas? Porque parou Eddie para pensar e refletir no caminho que estava a tomar (algo que nos dias que correm se torna raro) e no final resolveu voltar para trás? Anos antes, Eddie trabalhou num laboratório que desenvolveu um milho híbrido adaptado às condições do Uganda com o fim de aumentar a produção, e assim aumentar os ganhos dos agricultores. A Eddie coube também o papel de apresentar o milho híbrido aos camponeses. Estes rapidamente se maravilharam com o novo milho e perspectivas de ganhos. – “Vamos só plantar este milho, vendemos, e depois compramos a nossa comida.” – Abandonaram a diversidade da tradicional agricultura, e padronizaram toda a plantação no milho híbrido. Mas... a Natureza não se controla. Na vida não temos o pleno controlo. Naquele ano as condições climatéricas não foram as melhores e a seca foi uma praga. Ninguém conseguiu colher o milho. Os camponeses perderam tudo e entraram em desespero sem possibilidade de alimentar as famílias. (*) Se fosse uma horta, com diversas plantações, mesmo que o milho secasse outra espécie cresceria, e a fome seria igualmente morta. A ausência de diversidade, a padronização da cultura, foi um descalabro.


 

É a diversidade que permite a busca da excelência.

 

Na Natureza reina a diversidade. Diversidade de espécies permite que a vida se mantenha, apesar de por vezes algumas tenham grande dificuldade pelas constantes alterações na Natureza. Mas mesmo em condições adversas, a diversidade genética vai permitindo a sobrevivência das espécies. A diversidade reina na vida, e é ela a chave para a sobrevivência e para o apuramento constante das espécies sempre em busca da melhor e mais eficaz característica. É a diversidade que permite a busca da excelência. No ser humano (em tudo o que o envolve) não será diferente...


Imaginem se a Natureza resolvesse padronizar as espécies. Imaginem se a genética fosse padronizada. Imaginem se a vida fosse um protocolo. Imaginem se não houvesse diversidade. Qual seria o resultado? A morte seria certa, pois o meio que nos rodeia e com o qual temos de interagir não é constante, a vida e tudo o que acontece diariamente não é constante ou padronizado. Diversidade é vida e deve ser protegida.


 

A padronização e a protocolização são amputadoras de pensamento.

 

Porque deve ser diferente na nossa vida profissional? Porque devemos constantemente padronizar? Os doentes são diferentes e nesse sentido também na doença há diversidade de comportamento e reação. A cirurgia não é exceção. A mesma cirurgia pode ter diferentes complicações, diferentes resultados em diferentes doentes. Há diversidade no tratamento. O cirurgião atual deve ter uma enorme variedade de conhecimentos e aptidões para se adaptar da melhor forma a cada doente com as suas particularidades. A medicina e a cirurgia não podem ser constantemente padronizadas. A diversidade de atuações (dentro de uma legis artis que também é variada e plena de diversidade) deve ser não só permitida, mas sim estimulada, e não remeter tudo para guidelines e protocolos. A padronização e a protocolização (fora de ensaios clínicos) são amputadoras de pensamento, de raciocínio, de sentido crítico, de evolução, de crescimento, e de adaptação. O risco de tudo padronizar e protocolizar é o declínio evolutivo. A diversidade e as diferentes formas de atuar perante o mesmo doente e mesma doença devem ser estimuladas, divulgadas e estudadas. O padrão de hoje pode ser a morte do amanhã. A diversidade é a rede que nos mantém vivos.


Um cirurgião deve saber realizar uma grande diversidade de procedimentos e técnicas. É a interligação dos diversos conhecimentos que pode trazer novidades e melhores resultados. Se todos fizerem da mesma forma (padrão) nada mudará. O cirurgião padronizado e protocolizado para apenas uma patologia e/ou procedimento irá com o tempo decair. Se “quem só de medicina sabe nem de medicina sabe”, quem só de uma patologia sabe nem dessa patologia sabe. Devemos combater a padronização da cirurgia e a focalização por áreas, e estimular a diversidade do cirurgião. A diversidade de conhecimentos e atuações e a sua interligação são o que permitem a diferença, e com ela atingir o que o padrão várias vezes não consegue.


 

Só a diversidade permite atingir a excelência.

 

“O cirurgião pode ter um hobbie mas tem de saber fazer tudo.” Esta ideia do Prof. Dr. Martin Walz (Essen, Alemanha) transpira diversidade, transpira aquilo que pode manter vivo o pensamento crítico e inovador na medicina e na vida. Diversidade é vida, progresso e inovação. Padronização é monotonia e estagnação. “No alarms and no surprises” (Radiohead) é aquilo que conseguimos da padronização e protocolização da nossa vida pessoal e profissional.


Não te padronizes, diversifica-te e atingirás a verdadeira excelência.


 

English version:


Edward “Eddie” Mukiibi, Ugandan and international vice president of Slow Food, prefers an agriculture with a return to vegetable gardens, where a diversity of small-scale vegetable species is grown. This diversified and side-by-side cultivation allows us to face unforeseen droughts, invasions of parasites and other agents, because if one year goes bad, we can compensate with others. What happened to Eddie to convert to gardens again? Why did Eddie stop to think and reflect on the path he was taking (something that these days becomes rare) and in the end decided to go back? Years earlier, Eddie worked in a laboratory that developed hybrid maize adapted to Ugandan conditions in order to increase production, and thus increase farmers' earnings. Eddie had the role of introducing hybrid corn to peasants. They quickly marveled at the new corn and earnings outlook. - "Let's just plant this corn, sell it, and then buy our food." - They abandoned the diversity of traditional agriculture and standardized the entire plantation in hybrid corn. But ... Nature cannot be controlled. In life we ​​don't have full control. That year the weather conditions were not the best and the drought was a plague. Nobody managed to harvest the corn. The peasants lost everything and went into despair without the possibility of feeding their families. (*) If it was a vegetable garden, with several plantations, even if corn dried up, another species would grow, and hunger would also be killed. The absence of diversity, the standardization of agriculture, was a disaster.


 

It is diversity that allows the pursuit of excellence.

 

Diversity reigns in Nature. Species’ diversity allows life to be maintained, although sometimes some have great difficulty due to the constant changes in the environment. But even in adverse conditions, genetic diversity is allowing species to survive. Diversity reigns in life, and it is the key to survival and to the constant melioration of species, always in search for the best and most effective characteristic. It is diversity that allows the pursuit of excellence. It will not be different in humans ...


Imagine if Nature decided to standardize the species. Imagine if the genetics were standardized. Imagine if life was a protocol. Imagine if there was no diversity. What would be the result? Death would be certain, since the environment around us and with which we have to interact is not constant. Life and daily events are not constant or standardized. Diversity is life and must be protected.


 

Standardization and protocolization are amputators of thought.

 

Why should it be different in our professional life? Why should we constantly standardize? Patients are different and, in this setting, also in the disease there is a diversity of behavior and reaction. Surgery is no exception. The same surgery can have different complications, different results in different patients. There is diversity in the treatment. The current surgeon must have a huge variety of knowledge and skills so that he can adapt himself in the best way to each patient with their particularities. Medicine and surgery cannot be constantly standardized. The diversity of actions (within the actual “legis artis” which is also full of diversity) must be both allowed and stimulated, and decisions must not be simply referred to guidelines and protocols. Standardization and protocolization (outside of clinical trials) are amputators of thought, reasoning, critical sense, evolution, growth, and adaptation. Evolutionary decline is the risk of standardize and protocolize everything. Diversity and different ways of working with the same patient and the same disease must be encouraged, disseminated and studied. Today's pattern may be tomorrow's death. Diversity is the “net” that keeps us alive.


A surgeon must know how to perform a wide variety of procedures and techniques. It is the interconnection of diverse knowledges that can bring new ideas and better results. If everyone does it in the same way (standard/pattern/default) nothing will change. The standardized and protocolized surgeon for only one pathology and / or procedure will eventually decline. If “he who knows only about medicine, nor about medicine knows”, also he who knows only about one pathology, nor about that pathology knows. We must combat the standardization of surgery and focus on areas and encourage the diversity of the real surgeon. The diversity of knowledge, actions, and their interconnection are what allow for the difference to arise. This difference is what makes possible to reach that what the standard sometimes cannot.


 

Only diversity allows us to achieve excellence.

 

"The surgeon may have a hobby, but he has to know how to do everything." This idea form Prof. Dr. Martin Walz (Essen, Germany) exudes diversity, exudes what can keep a critical and innovative thinking alive. Diversity is life, is progress, is innovation. Standardization is monotony and stagnation. “No alarms and no surprises” (Radiohead) is what we will get from the standardization and protocolization of our personal and professional lives.


Don't be a standard, diversify yourself and you will achieve true excellence.



(*) Luis Sepúlveda e Carlo Petrini. (2014) Uma Ideia de Felicidade. (One Idea of Happiness). Porto Editora.



Dr. Carlos Eduardo Costa Almeida

Cirurgião Geral/General Surgeon



241 visualizações0 comentário

Comments


bottom of page